segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Dia Internacional dos Direitos Humanos - 10 de dezembro

Escolhidos pela Biblioteca e divulgados pelo Departamento de Ciências Sociais e Humanas, os textos seguintes serão lidos por toda a escola no dia 10 de dezembro, recordando o que ainda falta cumprir...

 



Fora de mão

 

Pediram-me para ser uma mão. Estranhei.

Deram-me argumentos de que uma mão não vê, mas sente e formula uma visão pelo tato. Assenti e assumi a pele, ironicamente, de uma mão.

Não notei diferenças acentuadas, de facto, aquilo que eu analisava era uma mão igual à que eu representava. Pediram-me então para adotar outro dos sentidos, a visão. Assim o fiz. De novo as diferenças não eram assim tão grandes, apenas a cor daquela mão era diferente da minha. Revelaram-me convictamente que aquela mão não era de todo igual à minha. Para ser sincera não percebi o porquê, mas também, não perguntei.

Continuei a analisar. Usava também o meu corpo para perceber as ditas diferenças, e com ele, todos os sentidos e funções atribuídas. Aquele corpo era igual ao meu. Toquei-lhe. Disseram-me para não o fazer, mas fiz.

Declararam que aquele corpo não o era, denominaram-no de “raça humana diferente”, cheguei a associar a cães, mas aquela anatomia corporal era igual à minha, e eu, definitivamente não era um cão. Aquele pobre corpo representava todos os outros corpos de sua linhagem. Carregava um peso, uma angústia e uma certa revolta.

Comecei aos poucos a identificar-me.

Aquela silhueta estava ali, carregada de marcas de gerações passadas e atuais, como ele, outros estavam ali com outro propósito, as suas almas foram tão chicoteadas como o próprio corpo. Assim como eu, mas eu tinha apenas arranhões que já tinham sarado e apenas deixavam marca para impedir o esquecimento. Algumas feridas das chicotadas tinham sido estancadas com o tempo e continuavam a sarar devagar. Ao longo dos tempos para cá, começaram a ser respeitados e menos chicoteados, no corpo e na alma. Existências à volta de impedimentos de integração social causados pela cor, sentimentos, origens, religião e idealismos. Uma captura de pássaros igualmente livres, como todos os outros, mas estão presos numa gaiola de preconceitos, discriminação e exclusão, e quem os capturou apenas tem de abrir a porta da gaiola e deixa-los voar.

Texto de Marisa Alves Pedro, 16 anos

Fonte: https://www.acm.gov.pt/documents/10181/222893/39-poemas-contos-contra-o-racismo.pdf/a2e9e11b-fa67-4669-a39e-01ee87d41719

 



O racismo contado em verso

 

A propósito de racismo

Quero contar-vos uma história especial

Encontramos nela coragem, discriminação mas

Também heroísmo.

Tudo começou num dia fora do normal.

Estávamos na aula de matemática

Já o ano escolar ia a meio

Quando um novo aluno veio

A professora muito simpática

Disse-lhe logo “sê bem-vindo, Wilson, vamos procurar o teu lugar”

Perguntou-nos, por isso,

Quem com ele faria par.

Ninguém respondeu, o silêncio foi rei,

Perante o colega negro, como direi?

As cabeças cheias de preconceito e discriminação

Disseram claramente ao colega que não.

Eu, perante aquela triste situação,

Levantei-me sorridente e contente

E acenei com a mão.

“Senta-te aqui ao meu lado

Que estou um bocado atrapalhado

A matemática é confusa

E deixa-me sempre baralhado.”

Aquela aula correu-me mesmo bem

Farto de estar sozinho, sem a companhia de alguém

Gostei muito de ter o Wilson ao meu lado

E ele gostava de matemática!

Aquele colega era um achado!

No fim da aula é que os problemas começaram

E os comentários “saltaram”

“Oh, que parelha tão triste! Um é branco e nada sabe,

E o outro negro é que lhe assiste?”

Quem estas palavras dizia

Era o Bruno de olhos verdes, loiro e de cabeça vazia.

Eu e o Wilson passámos mal

Todos os dias rejeitados

Mas lá nos fomos ajudando e

Qual não foi o nosso espanto quando eu,

“o burro da turma” tive BOM a matemática.

Ajudado pelo Wilson tinha feito um bom progresso

E ao mesmo tempo uma grande amizade. Que sucesso!!

E um dia tudo mudou

Como nos contos de fadas

O Wilson a caminho de casa

Teve uma grande surpresa

O tal colega Bruno, o da cabeça vazia,

Pela rua ia

Nisto nem vão crer:

O pai do Bruno era negro

Facto que ele tanto desejava esconder

A partir daí tudo mudou

O Bruno nunca mais gozou

E deu-se uma mudança importante

Ele pediu perdão e fez uma confissão:

“Tenho com o meu pai uma má relação

Que me impede de o amar

Mas baralhei tudo isto e não me soube controlar.

A dor que trago comigo

Por não ser um filho querido

Leva-me a rejeitar, discriminar.”

 

Texto de Danilo Patrick de Souza, 15 anos

Fonte: https://www.acm.gov.pt/documents/10181/222893/39-poemas-contos-contra-o-racismo.pdf/a2e9e11b-fa67-4669-a39e-01ee87d41719

 



Sou como tu…

 

Nasces, sobrevives

Cresces, observas

Sou como tu.

 

Optas, decides

Queres, trabalhas

Sou como tu.

 

Amas, sofres

Vives, acreditas

Sou como tu.

 

Somos diferentes

Somos iguais

Somos filhos

Somos pais

Sou como tu.

 

Texto de Catarina Mota de Azevedo Araújo, 13 anos   

Fonte: https://www.acm.gov.pt/documents/10181/222893/39-poemas-contos-contra-o-racismo.pdf/a2e9e11b-fa67-4669-a39e-01ee87d41719     

 






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