Desde meados de março, todos temos passado
muito tempo em casa. Professores e alunos tiveram de abdicar das idas
presenciais à escola, das aulas na mesma sala, do convívio com colegas e
amigos. Todos reduziram ao máximo as saídas à rua e os contactos sociais. E
nesse processo, todos aprendemos a valorizar pequenas coisas sobre as quais
antes nem pensávamos, que dávamos como garantidas. Aprendemos a valorizar cada
minuto passado com um amigo, cada brincadeira, cada abraço.
O conto «O sal e a água» faz-nos pensar
sobre as pequenas coisas que afinal são tão, tão importantes nas nossas
vidas.
Caros alunos vamos (re)descobrir uma história popular
e refletir sobre aquilo que é tão importante para ti.
O Sal e a Água
Um rei tinha
três filhas; perguntou a cada uma delas, por sua vez, qual era a mais sua
amiga.
A mais velha respondeu:
A mais velha respondeu:
– Quero mais a meu pai do que à luz do Sol.
Respondeu a do meio:
– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.
Respondeu a do meio:
– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.
A mais moça respondeu:
– Quero-lhe tanto como a comida quer o sal.
O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não amava tanto como as
outras, e pô-la fora do palácio.
Ela foi muito triste por esse mundo, chegou ao palácio de um rei, e aí se ofereceu para ser cozinheira.
Um dia foi servido um bolo muito bem feito, e o rei ao parti-lo achou dentro um anel muito pequeno e de grande preço. Perguntou a todas as damas da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia; foi passando, até que foi chamada a cozinheira e só a ela é que o anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando que era de família de nobreza.
Ela foi muito triste por esse mundo, chegou ao palácio de um rei, e aí se ofereceu para ser cozinheira.
Um dia foi servido um bolo muito bem feito, e o rei ao parti-lo achou dentro um anel muito pequeno e de grande preço. Perguntou a todas as damas da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia; foi passando, até que foi chamada a cozinheira e só a ela é que o anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando que era de família de nobreza.
Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas e
viu-a vestida com trajos de princesa. Foi chamar o rei seu pai e ambos viram o
caso.
O rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina impôs a condição de cozinhar o jantar do dia da boda.
Para as festas do noivado convidou-se o rei que tinha três filhas e que pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares que haviam de ser servidos ao rei seu pai não pôs sal de propósito.
Todos comiam com vontade, mas só o rei convidado é que nada comia. Por fim perguntou-lhe o dono da casa porque é que o rei não comia.
Respondeu ele, não sabendo que assistia ao casamento da filha:
O rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina impôs a condição de cozinhar o jantar do dia da boda.
Para as festas do noivado convidou-se o rei que tinha três filhas e que pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares que haviam de ser servidos ao rei seu pai não pôs sal de propósito.
Todos comiam com vontade, mas só o rei convidado é que nada comia. Por fim perguntou-lhe o dono da casa porque é que o rei não comia.
Respondeu ele, não sabendo que assistia ao casamento da filha:
– É porque a comida não tem sal.
O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a cozinheira viesse ali
dizer porque é que não tinha posto sal na comida.
Veio então a menina vestida de princesa, mas assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e confessou ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado por sua filha, que lhe tinha dito que lhe queria tanto como a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu pai.
Veio então a menina vestida de princesa, mas assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e confessou ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado por sua filha, que lhe tinha dito que lhe queria tanto como a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu pai.
Contos
tradicionais portugueses do povo português,
recolha por Teófilo Braga, 1.ª ed. – Porto, 1860;
com várias reedições nos nossos dias
(utilizámos a ed. da D. Quixote
recolha por Teófilo Braga, 1.ª ed. – Porto, 1860;
com várias reedições nos nossos dias
(utilizámos a ed. da D. Quixote
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