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GUIÃO DE TRABALHO
Unidade Programática 2 : A ação humana e os valores
Unidade
didática: Temas/problemas do mundo contemporâneo – DAC
Metodologia: ENSAIO FILOSÓFICO
Domínios a
avaliar: Argumentação conceptualização e comunicação
Local de Trabalho sugerido: Biblioteca Escolar
Objetivos específicos: Compreender que os direitos das mulheres são direitos
humanos; identificar as diferenças no estatuto da mulher ocidental
relativamente ao das mulheres de outras culturas; tomar consciência das
diferenças de papéis atribuídos à mulher e ao homem nos âmbitos familiar e
profissional; compreender que o papel tradicionalmente atribuído à mulher
constitui um entrave à sua emancipação; compreender que a igualdade entre
homens e mulheres exige a abolição de preconceitos socialmente enraizados;
refletir sobre a evolução histórica dos direitos das mulheres em Portugal;
assumir uma atitude crítica perante o modo como é feita a divisão das tarefas
domésticas entre homens e mulheres; refletir sobre o fenómeno da violência
doméstica; compreender o ciclo da violência doméstica; conhecer o papel de
algumas instituições sociais na tentativa de resolução dos problemas relativos
à violência doméstica; compreender as vantagens da igualdade de oportunidades
entre homens e mulheres; refletir sobre direitos humanos; compreender o conceito
de igualdade de género; Tomar consciência de estereótipos; desenvolver atitudes
de discernimento crítico perante a informação; desenvolver práticas de exposição
(oral e escrita) e de intervenção, aprendendo a apresentar de forma metódica e compreensível
as ideias próprias ou os resultados de consultas ou notas de leitura; criar um
produto mediático sobre um tema que integre as competências de comunicação,
conceptualização e argumentação.
TRABALHO: “OS DIREITOS DA MULHERES COMO DIREITOS HUMANOS”
Atividade: Trabalho, preferencialmente, em grupo.
Guião
de trabalho
1. Leia os seguintes documentos que
seguem em anexo: vídeo (mulheres
muçulmanas, flor do deserto em https://www.youtube.com/watch?v=JhLIde_Vk7Y), as notícias 1, 2 e 3, e o doc. de
Maria Rosário Carneiro, no site:
https://app.parlamento.pt/violenciadomestica/conteudo/pdfs/apresentacoes/Maria_Rosario_Carneiro.pdf ( e a declaração dos direitos
humanos em https://www.amnistia.pt/declaracao-universal-dos-direitos-humanos/
.
A partir da respetiva
leitura responda às seguintes questões:
1. Identifique o tema abordado nos respetivos documentos.
1.1Dos factos expostos nos documentos indique os que mais ferem a sua
sensibilidade, justificando.
1.2 Indique os fatores que julga estarem na base destas situações.
1.3 Identifique se estas situações configuram violações dos direitos humanos.
Se sim identifique (o)s artigo(s).
1.4
Indique as medidas que considera poderem ser adotadas pelos governos e pela sociedade civil para tentar resolver esses
problemas.
2. Leia atentamente o documento “A
escola secreta de Nasreen ou o livro “Eu, Malala” da editorial Presença, sobre o estatuto da mulher noutras culturas e
refira diferenças culturais relativas às da cultura europeia/ocidental.
3. Veja o filme “As Sufragistas” no
seguinte site: https://www.youtube.com/watch?v=VTTy39nxGc4.
Também pode requisitá-lo na
biblioteca.
Explique de que forma este
movimento contribuiu para a emancipação da mulher, na Sociedade Ocidental.
4. Veja o seguinte vídeo “O que é uma
mulher? Filósofa Simone de Beauvoir:
Explique
o conceito de mulher segundo a filósofa Simone de Beauvoir.
5. Leia o texto da Clara Ferreira Alves
“ Strawberry fields forever”. Identifique o tema, o problema e os argumentos da
jornalista e explicite a sua opinião.
6. Leia o texto intitulado “A 1ª mulher
portuguesa que votou”. Indique o nome dessa mulher, a data em que votou e se
foi simples votar, tal como nos nossos dias. Justifique a resposta a esta última
questão.
7.
Comente
a seguinte afirmação: “Os direitos humanos das mulheres e das raparigas são
parte inalienável essencial e indivisível dos direitos humanos universais”. Fundo de Desenvolvimento das Nações
Unidas para a Mulher.
8. Leia o documento “situação da mulher
em Portugal” em https://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2020/9-2020-mulheres-8-marco-2020.pdf
Compare
a relação entre o nível de escolaridade e o vencimento auferido entre homens e
mulheres.
9. Leia o texto de opinião “As mulheres
portuguesas são parvas”, do Público. Explicite os argumentos apresentados pela jornalista
que ajudam a compreender o título do texto.
10.
Compare
a composição do atual governo português com o sueco, em termos de número de
lugares de Ministro ocupados por mulheres. Indique as respetivas funções e
explicite a sua opinião sobre a referida composição.
Documento:
11.
Explique,
por palavras suas, o ciclo de
violência doméstica referido na APAV: https://apav.pt/vd/index.php/vd/o-ciclo-da-violencia-domestica
12.
Explique
as razões que levam algumas mulheres a não romperem com o ciclo de violência.
13.
Refira
os organismos ou instituições onde as mulheres vítimas de maus tratos podem
pedir ajuda.
14.
O
crime de violência doméstica é um crime público. O que é que isto quer dizer.
15.
Explique
as implicações que a violência doméstica podem causar.
16.
Realize
um vídeo original com o objetivo de alertar a sociedade contra a violência
doméstica (máximo 1 minuto).
Nota: A bibliografia para a
realização do trabalho segue em anexo.
Uma vez que os alunos têm email,
podem trabalhar no google Docs. Vão ao drive clicam em google Docs, clicam em
partilhar, colocam os emails do grupo e trabalham em conjunto, quando estão em
casa.
Bibliografia - Doc Notícia 1
Jornal
judeu ultra-ortodoxo apaga mulheres da manifestação de Paris
14/01/2015 - 14:34
Angela Merkel, Ewa Kopacz, Anne Hidalgo
e Federica Mogherini foram deliberadamente retiradas da fotografia publicada
pelo diário israelita HaMevaser.
A
fotografia tal como foi publicada no HaMevaser DR
Um dos debates que por estes dias mais
tem ocupado os meios de comunicação e as redes sociais é se somos ou não todos Charlie,
e porquê. Mas há quem não se comova com a discussão. Em Israel, um jornal judeu
ultra-ortodoxo decidiu, apesar dos aspectos muito particulares do momento,
aplicar a sua linha editorial sem concessões e apagou todas as mulheres da
fotografia dos líderes políticos na manifestação de domingo, em Paris.
O HaMevaser – cujo proprietário,
Meir Porush, é um antigo membro do Parlamento – publicou na primeira página de
segunda-feira uma fotografia adulterada em que a chancelar alemã, Angela
Merkel, a primeira-ministra polaca, Ewa Kopacz, a presidente da câmara de
Paris, Anne Hidalgo, e a alta-representante da União Europeia para Política Externa
e Segurança, Federica Mogherini, as quatro mulheres que figuravam na imagem
original, foram apagadas.
Não é a primeira vez que uma publicação
dirigida por e para judeus ultra-ortodoxos retira as mulheres de fotografias
colectivas. Em 2011, foi Hillary Rodham Clinton, então secretária de Estado
norte-americana, que desapareceu da Situation Room da Casa Branca, juntamente
com a directora de contraterrorismo, Audrey Tomason, na fotografia publicada
pelo Die Tzeitung para ilustrar a caça ao homem de que foi alvo Osama
Bin Laden e que culminou com a sua morte.
O New York Times explica que estes jornais “geralmente evitam imagens de mulheres por uma questão
de modéstia, e o seu público-alvo é conhecido por riscar os rostos de mulheres
nos anúncios dos autocarros e de as impedir de concorrer a cargos políticos
pelos seus partidos”. Mas, dada a situação, e tal como a maioria dos muçulmanos
se distanciaram publicamente das acções dos terroristas, também há judeus a
fazê-lo neste caso. Mesmo em Israel.
“É muito embaraçoso que, numa altura em
que o mundo ocidental está a marchar contra manifestações de extremismo
religioso, os nossos extremistas encontrem uma forma de tomar conta do palco”, escreve Allison Kaplan Sommer no Haaretz, diário hebraico que se assume como liberal. A colunista lamenta a negação
da importância das mulheres no mundo.
O trabalho de manipulação da imagem é
“bastante desajeitado”, segundo o Mediaite, que identifica alguns dos problemas do resultado final. O site norte-americano nota que até a Presidente da Suíça, Simonetta
Sommaruga, cujo perfil mal se percebe no original, à direita, foi retocada. As
restantes mulheres foram cortadas e os homens aproximados, para encobrir a
falta de pessoas. Um dos efeitos curiosos dessa acção é a aproximação do
primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e do Presidente da Autoridade
Palestiniana, Mahmoud Abbas.
O
ex-Presidente francês Nicolas Sarkozy, que está a ser
ridicularizado nas redes sociais
por ter quebrado o protocolo para se juntar à fila da frente da marcha, ficou
na fotografia deturpada do HaMevaser.
A
manipulação – que foi denunciada por um outro órgão de informação israelita, o Walla – já teve resposta de uma publicação satírica
irlandesa, o Waterford Whispers News, que ainda na terça-feira pôs a
circular a versão da fotografia de um “jornal feminista”: o grupo de líderes é reduzido a três pessoas –
Federica Mogherini, Anne Hidalgo e Angela Merkel –, que ficam absolutamente sós
na rua de Paris. O que levanta outra questão: o diminuto número de mulheres em
lugares de destaque na cena política mundial.
consultado em 15/01/2015
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Bibliografia - Doc Notícia 2
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Bibliografia - Doc Notícia 3
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Bibliografia - As mulheres portuguesas são parvas
As mulheres
portuguesas são parvas
Maria Filomena Mónica
02/03/2005 -, público online
Quando casei, o que de mim se esperava, além da procriação
continuada, era que passasse o dia a arrumar a casa, a cozinhar pratos
requintados e a vigiar a despensa. Hoje, a estas tarefas vieram juntar-se
outras. As mulheres modernas são também supostas ser boas na cama,
profissionais competentes e estrelas nos salões.
Nos últimos tempos, fui entrevistada por vários jornais, os
quais, suponho que devido à crise económica, me enviaram mulheres muito novas.
Eram geralmente bonitas, espertas, altas, modernas e rápidas. Eis, pensei, a
Nova Mulher. Inesperadamente, o final das conversas tendeu a escorregar para a
dificuldade que elas encontravam na compatibilização entre o trabalho e a
maternidade. Num caso, aconteceu mesmo ter eu descoberto estar a desempenhar o
papel de psicanalista, dando conselhos sobre a forma como a jornalista em
causa, que acabara de ter um filho, podia e devia reivindicar para si, sem se sentir
culpabilizada, um maior espaço de autonomia.
Suponho que o facto
de ser mulher, mãe e avó convida a estas confissões imprevistas. Não me
importei: as revelações das jovens serviram para me mostrar que as novas
gerações femininas, pelo menos as da classe média, não têm a vida mais
facilitada do que eu a tive há quarenta anos. Por um lado, as "criadas de
servir", como antigamente lhes chamávamos, são hoje mais caras, por outro,
a ideologia dominante sobre a função da mulher alterou-se menos do que eu pensava.
É isto que um
trabalho, publicado por Karin Wall, do Instituto de Ciências Sociais, e por
Lígia Amâncio, do ISCTE, veio demonstrar. A quase totalidade dos portugueses
(93 por cento) considera que, num casal, tanto o homem quanto a mulher devem
trabalhar fora de casa, mas um número impressionante (78 por cento) diz que uma
criança pequena sofre quando a mãe trabalha. Cerca de metade da população
afirma que as mães se deveriam abster de trabalhar quando têm filhos com menos
de seis anos. Ora, devido aos salários reduzidos da maioria dos trabalhadores
masculinos, Portugal possui a mais alta taxa de emprego feminino da Europa, uma
situação que só pode conduzir a que as portuguesas vivam em estado permanente
de culpabilidade.
Mas há mais. Os
portugueses excedem-se verbalmente no seu amor pelas crianças: para 62 por
cento, os indivíduos que não têm filhos levam uma "vida vazia". Ora,
são estes senhores, que tanto dizem amar os filhos, que se não dão ao trabalho
de lhes mudar as fraldas, de os levar ao médico ou de os alimentar. As mulheres
portuguesas gastam três vezes mais horas do que os homens na lida doméstica:
elas despendem, por semana, vinte e seis horas, eles apenas sete, o que dá uma
diferença de dezanove horas semanais, uma média superior à europeia. As
portuguesas continuam a ser exploradas, como se nada se tivesse passado desde o
momento, na década de 1960, em que a minha geração ergueu a bandeira da
emancipação feminina.
Algumas das jovens,
que responderam ao inquérito, declararam conformar-se com a distribuição do
trabalho vigente, chegando a dizer que "nós nunca nos zangamos por causa
das tarefas domésticas", continuando a lavar a roupa, a passar a ferro e a
mudar fraldas, como se os filhos não fossem responsabilidade de ambos. Sei, por
experiência própria, que é mais fácil fazer greve às tarefas domésticas do que
ao tratamento dos filhos. Apesar das minhas resistências iniciais, acabei por
admitir que existe um laço afectivo diferente entre a mulher, que teve de
carregar um feto na barriga durante nove meses, e o homem que se limitou a
depositar nos ovários um montinho de espermatozóides. Mas isto não explica a
exploração a que as minhas compatriotas são sujeitas, não só pelos maridos,
como por uma sociedade que continua a atribuir-lhe todos os males
contemporâneos, do consumo juvenil da droga à anomia cerebral dos alunos.
Nunca esperei que a
situação fosse tão má quanto a que este inquérito revela. Na minha ingenuidade,
pensei que, na História, havia domínios - sendo um deles a emancipação feminina
- em que tinham verificado progressos. Depois de ler estes dados, tenho
dúvidas. Algumas raparigas ainda parecem pensar que a sua única função no
Universo consiste em desempenhar os papéis de esposas devotadas, seres
paranoicamente ocupados com a limpeza do pó e mães tão excelsas quanto a Virgem
Maria.
De certa forma, o
destino das raparigas na casa dos trinta ou quarenta anos corre o risco de ser
pior do que o meu. Quando casei, o que de mim se esperava, além da procriação
continuada, era que passasse o dia a arrumar a casa, a cozinhar pratos
requintados e a vigiar a despensa. Hoje, a estas tarefas vieram juntar-se
outras. As mulheres modernas são também supostas ser boas na cama,
profissionais competentes e estrelas nos salões. Mas isto é uma utopia. Nem a
mais super das supermulheres pode levar as crianças à escola, atender os
clientes no escritório, ir à hora do almoço ao cabeleireiro, voltar ao
escritório onde a espera sempre um problema urgente, fazer compras num destes
modernos supermercados decorados a néon, ler umas páginas de Kant antes de
mudar as fraldas do pimpolho, dar um retoque na maquilhagem, telefonar a três
"babysitters" antes de arranjar uma, ir ao restaurante jantar com os
amigos do marido, discutir a última crise governamental e satisfazer as
fantasias sexuais democraticamente difundidas pelos canais de televisão. Estou
a falar, note-se, de mulheres socialmente privilegiadas. A vida das pobres é um
inferno sem as consolações de que as suas irmãs de sexo, apesar de tudo,
usufruem.
É por isso que a luta
tem de continuar. Não sei se sou "femininista", nem me interessa
debater a questão terminológica. Sei que sou contra todas as injustiças e,
entre elas, contra a ideologia que nos quer manter encerradas numa Casa de
Bonecas. Ao longo dos anos, tenho ouvido de tudo, incluindo mulheres que dizem
estar contra a emancipação feminina. Pensei então que não valia a pena perder
tempo com tontas. Mais madura, considero hoje que o melhor é retirar-lhes o
direito ao voto, o direito ao divórcio e a protecção legal contra a violência
doméstica. Se gostam de ser escravas, que o sejam. Acabou-se o tempo das
contemporizações. Quem luta, tem direitos; quem se resigna, fica de fora.
Historiadora
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Bibliografia - A primeira mulher portuguesa que votou
Carolina votou em 1911. Foi a primeira e a República
mudou a lei para impedir o voto feminino
Carolina Beatriz Ângelo, à direita, com a correligionária da
Associação de Propaganda Feminista Ana de Castro Osório, no dia das eleições
para a Assembleia Nacional Constituinte. 28 de maio de 1911
ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA / HEMEROTECA MUNICIPAL DE LISBOA
As eleições para a Assembleia Constituinte da I República
colocaram Portugal na vanguarda do movimento sufragista. Carolina Beatriz
Ângelo, médica, viúva e chefe de família, foi a primeira mulher a exercer o
direito de voto em toda a Europa Central e do Sul. Fez uma leitura ousada da
lei, que os homens republicanos não foram capazes de prever, e recorreu para a
Justiça para conseguir recensear-se. O juiz Castro proferiu uma sentença
revolucionária e ela foi a única mulher a votar. Em 1913, a República mudou a lei
e interditou o voto das mulheres. No Dia Internacional da Mulher, o Expresso
recorda esta sufragista portuguesa
Jornalista
Morreu aos 33 anos, quatro meses depois de ter enfrentado um
parlamento e um governo pós-revolucionário que queriam que o direito de voto
permanecesse masculino. Combativa, dona de uma rara inteligência, aproveitou a
recente mudança de regime, e a visibilidade mediática que as mulheres tinham
conquistado nos últimos anos da Monarquia, para interpretar a lei eleitoral
como nós a leríamos hoje.
A primeira lei eleitoral da I República, publicada a 14 de
março de 1911, “manteve as restrições capacitárias dizendo que poderiam votar os
cidadãos portugueses maiores de 21 anos, que soubessem ler, escrever ou os
chefes de família, sem mencionar se esses cidadãos eram do sexo masculino ou
feminino”, diz ao Expresso Nuno Severiano Teixeira, vice-reitor da
Universidade Nova de Lisboa. Com base nisto, a Drª Carolina Beatriz Ângelo, que
se licenciara em janeiro de 1902 na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, e era
chefe de família porque ficara viúva em junho de 1910, tentou recensear-se. Os
entraves foram muitos, mas ela não se amedrontou.
Há anos que travava os mesmos combates que os republicanos
que estavam no poder, e iria lutar para que o novo regime fosse sinal de mais
direitos e melhores condições de vida para mais de três milhões de mulheres
portuguesas: salário igual para trabalho igual, direito ao voto, direito a
administrar os próprios bens, proteção na família e maternidade, a par do
direito à educação, já que a taxa de analfabetismo ultrapassava os 70% [para
homens e mulheres].
Esta foi a bandeira içada no dia 5 de Outubro de 1910 na Câmara
Municipal de Lisboa. E foi bordada por Carolina Beatriz Ângelo e por Adelaide
Cabete
IMAGENS DO LIVRO "HERÓIS DO MAR - HISTÓRIA DOS SÍMBOLOS
NACIONAIS"
Carolina era “apenas mais uma entre outras mulheres que
pretendiam o voto, acreditavam na governação e aquelas palavras, sempre as
palavras, seriam pouco depois postas à prova e contraditas pela prática
política dos governantes”, refere o historiador João Esteves, autor de vários
estudos sobre as primeiras feministas portuguesas e o papel das mulheres na I
República.
Moderada, a médica ginecologista Carolina Beatriz Ângelo,
defendia o direito ao voto com “restrições, ao contrário [da sua companheira]
Maria Veleda, que queria o voto para todas as mulheres”, acrescenta Esteves.
No dia 25 de março de 1911, o vespertino “A Capital” deu
destaque de primeira página à luta de Carolina pelo voto
HEMEROTECA MUNICIPAL DE LISBOA
O percurso de Carolina foi marcado pelo ambiente em que
cresceu; o casamento dos pais é posterior ao nascimento do primeiro filho, o
que atesta uma certa abertura de costumes, tal como o facto de terem permitido
e patrocinado a inscrição da filha na faculdade de Medicina: “Na primeira
década do século XX, foram muito poucas as mulheres que frequentaram o ensino
superior”, diz Esteves.
Ainda não era viúva há um ano, quando decidiu não abrir mão de uma promessa
feita pelos republicanos quando eram oposição, e explorar a redação da lei
eleitoral da autoria de António José de Almeida. É assim que entra numa cruzada
“quase solitária, ainda que amparada pela recém fundada Associação de
Propaganda Feminista e o reconhecimento das suas pares, seguramente não mais do
que umas dezenas”, lembra Esteves: “Os meus ideais são mais avançados” mas
“acompanho a República como medida transitória”, diz Carolina em maio de 1911,
ao jornal “O Tempo”, ciente de que aquele era o momento de forjar um novo
caminho para as mulheres do seu país.
A 25 de março, onze dias depois da lei eleitoral ser
publicada, diz ao vespertino “A Capital” que não quer pedir ao governo “que
introduza modificações na lei. De forma alguma. Nós propomo-nos tomar parte no
sufrágio eleitoral, mas sem que para isso seja necessário alterar uma vírgula
do decreto: “Conquanto não nos abra a porta, também nos não dá com ela na cara.
Esse facto é que talvez o senhor não tenha notado e por isso se admira tanto.
Pois leia a lei e verá. Encontram-se ali artigos e parágrafos para determinar
quem pode ser eleitor e artigos e parágrafos para mostrar quem pode ser
elegível; explica-se ali que tal e tal não pode votar porque é menor ou não tem
folha corrida, e que tal e tal não pode ser eleito porque desempenha
determinados cargos. O que, porém, ali se não diz é que tal e tal não pode ser
eleito ou eleitor... pelo facto de ser mulher. Ora, se assim é, porque motivo
hão de as mulheres ser excluídas da urna?”
.
O juiz que é um marco na luta do sufrágio feminino
No dia 4 de abril, Carolina entrega um requerimento que vai
dirigido ao presidente da Comissão Recenseadora do 2.º Bairro de Lisboa para
ser incluída no recenseamento em curso; o referido presidente nega, remete o
pedido para o ministro do Interior, António José de Almeida.
Detalhe de uma carta escrita por Carolina Beatriz Ângelo à
sua amiga Ana de Castro Osório, quando esta estava no Brasil
BNP
Privada da resposta que tanto queria, a 24 de abril Carolina
faz entrar um recurso no Tribunal da Boa-Hora, ciente de que o desfecho poderia
ser desfavorável. De acordo com a prática, foi sorteada a distribuição do
processo... que foi entregue ao juiz João Baptista de Castro, da 1ª Vara Cível.
Quatro dias depois, a 28 de abril, Castro proferiu uma
sentença que fez História. O acórdão foi favorável às pretensões de Carolina e
de muitas outras feministas, ordenando que “ela fosse incluída no recenseamento
em preparação, porque a lei eleitoral (...) estabelecia que eram eleitores
elegíveis os portugueses maiores de vinte e um anos, residentes em territórios
nacionais, soubessem ler e escrever e fossem chefes de família”, conta João
Esteves. Ao referir-se a cidadãos portugueses, o juiz Castro considerou que a
lei englobava homens e mulheres, “pois se o legislador tivesse intenção de as
excluir tê-lo-ia manifestado de forma clara”.
Os legisladores republicanos que não queriam dar o voto às
mulheres foram apanhados pela Justiça. Para evitar que houvesse mais mulheres a
votar, mudaram a lei em 1913, fazendo entrar a expressão “cidadãos portugueses
do sexo masculino”.
Carta de Carolina para a sua correligionária Ana, filha do
juiz João Baptista de Castro
BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL
A decisão do juiz Castro ultrapassou fronteiras e Portugal
foi notícia em quase toda a imprensa internacional. O jornal inglês “The Globe”
destacou o voto de Carolina e mencionou o distintivo dos três cravos brancos,
símbolo utilizado pelas sufragistas portuguesas. E a publicação “Votes for
Women” publicou parte do acórdão na sua edição de 9 de junho.
A 28 de maio de 1911, Carolina votou na freguesia de São
Jorge de Arroios, no poder republicano que quase a privara desse direito.
Fez-se acompanhar por Ana de Castro Osório, filha dileta do juiz João Baptista
de Castro, que era também marido de uma paciente de Carolina, e acompanhara o
luto da médica sufragista desde a morte do seu marido, Januário Gonçalves
Barreto Duarte.
Carolina e Januário eram primos; ele tinha ficado órfão
muito cedo e foi casapiano. Um ano mais velho do que Carolina, era médico como
ela. Casaram-se em 1902, e ele morreu súbita e precocemente a 23 de junho de
1910, sem ter tido o gosto de assistir à queda da Monarquia.
Para enfrentar a dor de ficar viúva aos 32 anos, Carolina
dedicou-se mais ao consultório e à atividade maçónica e republicana. Sentia-se
cada vez mais cansada e, talvez por isso, redigiu “uma declaração para ser
enterrada civilmente, a qual seria tornada pública no ano seguinte aquando das
respetivas exéquias”, conta Esteves.
Toma igualmente providências sobre o futuro da filha de oito
anos, Maria Emília Ângelo Barreto, pedindo aos membros da sua família que lhe
“sobrevivam, que se dispensem do convencional luto” e que não obriguem a menina
a pôr luto pela mãe. Morreu aos 33 anos, “a 3 de outubro de 1911 pela 1 hora da
madrugada, no regresso de uma reunião da Associação de Propaganda Feminista;
sentiu-se mal durante a viagem de elétrico e faleceu, duas horas depois, de
congestão, apesar de ter sido ainda assistida pelo Dr. Luís Baptista”, como se
pode ler num texto de Dulce Borges e João Esteves. Não assistiu ao 1º
aniversário da Implantação da República, mas foi pioneira na conquista do voto
para as mulheres em Portugal e em toda a Europa Central e do Sul.
Em 1911, a Finlândia era o único país europeu que reconhecia
o sufrágio feminino. No Reino Unido, a fundadora do Movimento Sufragista,
Emmeline Pankhurst, só viu o governo britânico fazer algumas concessões no
direito de voto das mulheres em 1918, como forma de agradecer o empenhamento
feminino no esforço de guerra.
Este artigo foi publicado a 5 de Outubro de 2016
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Bibliografia - A escola secreta de Nasreen
A escola secreta de Nasreen
Uma história verdadeira do Afeganistão
A minha neta Nasreen vive comigo
em Herat, uma antiga cidade do Afeganistão, onde outrora floresceram as artes,
a música e a educação. Mas depois chegaram os soldados e tudo mudou. As artes,
a música e a educação desapareceram. Nuvens negras pairam agora sobre a cidade.
A pobre Nasreen fica em casa todo
o dia, porque as raparigas estão proibidas de frequentar a escola. Os talibãs não
querem que as raparigas estudem, como eu e a mãe de Nasreen fizemos quando
éramos crianças.
Uma noite, vieram eles e levaram
o meu filho, sem qualquer explicação. Esperámos dias e noites pelo seu regresso.
Cansada de esperar, a mãe de Nasreen pôs-se, finalmente, a caminho, à procura
dele, embora fosse proibido às mulheres e raparigas andar sozinhas pela rua.
Muitas luas passaram à minha
janela enquanto eu e Nasreen esperávamos. Nasreen nunca falava nem sorria. Ficava
sentada, à espera que o pai e a mãe aparecessem.
Eu sabia que tinha de fazer algo.
Ouvi rumores sobre uma escola secreta para raparigas que ficava por detrás de
um portão verde, num caminho perto da nossa casa. E queria muito que Nasreen frequentasse
essa escola. Queria que ela conhecesse o mundo, que estudasse, como eu tinha
feito. Queria que ela falasse de novo. Assim, um dia, Nasreen e eu
apressamo-nos a chegar ao portão verde. Felizmente, nenhum talibã nos viu. Bati
ao de leve. A professora abriu o portão e corremos para dentro. Atravessamos o
recreio da escola – uma sala numa casa particular cheia de raparigas. Nasreen
sentou-se ao fundo da sala. Quando a deixei rezei: “Por favor Alá, abre-lhe os
olhos para o mundo.” Nasreen não falou com as outras raparigas.
Também não falou com a
professora. E em casa manteve-se em silêncio.
Eu receava que os talibãs
descobrissem a escola. Mas as raparigas eram espertas. Entravam e saíam a
diferentes horas para não levantar suspeitas. E quando os soldados se aproximavam
do portão, alguns rapazes desviavam a sua atenção. Ouvi falar de um talibã que
bateu ameaçadoramente no portão, exigindo que o abrissem. Mas tudo o que encontrou
foi uma sala cheia de raparigas a lerem o Corão, o que era permitido. As
raparigas tinham escondido os seus
trabalhos, enganando assim o
soldado. Uma das raparigas, Mina, sentava-se junto de Nasreen
todos os dias. Mas nunca falavam
uma com a outra. Enquanto as raparigas aprendiam, Nasreen vivia fechada em si
mesma. A minha preocupação agravava-se. Quando a escola fechou para as longas
férias de inverno, Nasreen e eu sentávamo-nos junto ao fogão. Alguns familiares
poupavam comida e lenha para nos dar.
Mais do que nunca, tínhamos
saudades da mãe de Nasreen e do meu filho. Alguma vez viríamos a saber o que
tinha acontecido?
No dia em que Nasreen regressou à
escola, Mina sussurrou-lhe ao ouvido:
— Tive saudades tuas.
— E eu também — respondeu-lhe
Nasreen.
Com aquelas palavras, as
primeiras desde que a mãe fora à procura do pai, Nasreen abriu o seu coração a
Mina. E sorriu pela primeira vez desde que o pai fora levado à força.
Pouco a pouco, dia após dia,
Nasreen finalmente aprendeu a ler, a escrever, a somar e subtrair. Todas as
noites mostrava- me o que descobrira naquele dia. Abriam-se, para Nasreen, as
janelas naquela sala de aula. Conheceu e estudou os artistas, os escritores, os
sábios e os místicos que, muito tempo antes, tinham tornado Herat importante.
Nasreen já não se sente só. O
conhecimento que vai acumulando estará sempre com ela, como um bom amigo. Agora
ela pode ver o céu azul para lá das nuvens escuras.
Quanto a mim, tenho a consciência
tranquila. Continuo à espera do meu filho e da sua mulher. Mas os soldados nunca
poderão fechar as janelas que se abriram para a minha neta.
Insha’ Allah.
Nota da Autora
O Fundo Internacional para as
Crianças, uma organização sem fins lucrativos que se dedica a ajudar crianças
de todo o mundo, contactou-me para escrever um livro baseado numa história
verdadeira. Senti-me imediatamente atraída por uma organização no Afeganistão
que fundou e apoiou escolas secretas para raparigas durante a ocupação Talibã,
entre 1996 e 2001. O fundador destas escolas — que pediu anonimato — partilhou comigo
a história de Nasreen e da sua avó. O nome de Nasreen foi alterado.
Antes de os Talibãs controlarem o
Afeganistão:
70% dos professores eram
mulheres;
40% dos médicos eram mulheres;
50% dos estudantes de Cabul eram
do sexo feminino.
Depois da ocupação Talibã:
as raparigas estavam proibidas de
frequentar a escola ou a universidade;
as mulheres estavam proibidas de
trabalhar fora de casa;
as mulheres estavam proibidas de
sair de casa sem um familiar do sexo masculino;
as mulheres eram obrigadas a usar
a burca que cobria toda a cabeça e o corpo,
deixando apenas uma pequena
abertura para os olhos;
não era permitido cantar, dançar
ou lançar papagaios. As artes e a cultura foram
banidas na terra natal do famoso
poeta Rumi. As esculturas colossais de Bamiyan Buddhas,
esculpidas na montanha, foram
destruídas. Tinham começado anos e anos de isolamento e de terror. Mas também
havia atos de coragem de cidadãos que desafiavam, de muitas formas, o regime
Talibã, incluindo o apoio a escolas secretas de raparigas. A sua coragem nunca
vacilou.
Jeannete Winter
Nasreen’s Secret School – A true
story from Afghanistan
New York, Beach Lane Books, 2009
(Tradução e adaptação)
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Bibliografia - Strawberry fields forever
Strawberry fields forever
Os homens europeus descem sobre
Marrocos com a missão de recrutar mulheres.
Nas cidades, vilas e aldeias é
afixado o convite e as mulheres apresentam-se no local da seleção.
Inscrevem-se, são chamadas e inspecionadas
como cavalos ou gado nas feiras. Peso, altura, medidas, dentes e cabelo, e
qualidades genéricas como força, balanço, resistência. São escolhidas a dedo,
porque são muitas concorrentes para poucas vagas. Mais ou menos cinco mil são
apuradas em vinte e cinco mil.
A seleção é impiedosa e enquanto as
escolhidas respiram de alívio, as recusadas choram e arrepelam-se e queixam-se
da vida. Uma foi recusada porque era muito alta e muito larga.
São todas jovens, com menos de 40
anos e com filhos pequenos. Se tiverem mais de 50 anos são demasiado velhas e
se não tiverem filhos são demasiado perigosas. As mulheres escolhidas são embarcadas
e descem por sua vez sobre o Sul de Espanha, para a apanha de morangos. É uma atividade
pesada, muitas horas de labuta para um salário diário de 35 euros. As mulheres
têm casa e comida, e trabalham de sol a sol.
É assim durante meses, seis meses
máximo, ao abrigo do que a Europa farta e saciada que vimos reunida em Lisboa
chama Programa de Trabalhadores Convidados. São convidadas apenas as mulheres novas
com filhos pequenos, porque essas, por causa dos filhos, não fugirão nem
tentarão ficar na Europa. As estufas de morangos de Huelva e Almería, em
Espanha, escolheram-nas porque elas são prisioneiras e reféns da família que
deixaram para trás. Em Espanha, este programa de recrutamento tão imaginativo,
que faz lembrar as pesagens e apreciações a olho dos atributos físicos dos
escravos africanos no tempo da
escravatura, olhos, cabelos, dentes, unhas, toca a trabalhar, quem dá mais, é
considerado pioneiro e chamam-lhe programa de "emigração ética".
Os nomes que os europeus arranjam
para as suas patifarias e para sossegar as consciências são um modelo.
Emigração ética, dizem eles.
Os homens são os empregadores.
Dantes, os homens eram contratados para este trabalho. Eram tão poucos os que
regressavam a África e tantos os que ficavam sem papéis na Europa que alguém se
lembrou deste truque de recrutar mulheres para a apanha do morango. Com menos
de 40 anos e filhos pequenos.
As que partem ficam tristes de deixar
o marido e os filhos, as que ficam tristes ficam por terem sido recusadas. A
culpa de não poderem ganhar o sustento pesa-lhes sobre a cabeça. Nas famílias
alargadas dos marroquinos, a sogra e a mãe e as irmãs substituem a mãe mas,
para os filhos, a separação constitui uma crueldade. E para as mães também. O
recrutamento fez deslizar a responsabilidade de ganhar a vida e o pão dos
ombros dos homens, desempregados perenes, para os das mulheres, impondo-lhes
uma humilhação e uma privação.
Para os marroquinos, árabes ou
berberes, a seleção e a separação são ofensivas, e engolem a raiva em silêncio.
Da Europa, e de Espanha, nem bom vento nem bom casamento. A separação faz com
que muitas mulheres encontrem no regresso uma rival nos amores do marido.
Que esta história se passe no século
XXI e que achemos isto normal, nós europeus, é que parece pouco saudável. A
Europa, ou os burocratas europeus que vimos nos Jerónimos tratados como animais
de luxo, com os seus carrões de vidros fumados, os seus motoristas, as suas
secretárias, os seus conselheiros e assessores, as suas legiões de servos, mais
os banquetes e concertos, interlúdios e viagens, cartões de crédito e milhas de
passageiros frequentes, perdeu, perderam, a vergonha e a ética. Quem trata
assim as mulheres dos outros jamais trataria assim as suas.
Os construtores da Europa, com as
canetas de prata que assinam tratados e declarações em cenários de ouro, com a
prosápia de vencedores, chamam à nova escravatura das mulheres do Magreb "emigração
ética". Damos às mulheres "uma oportunidade", dizem eles. E quem
se preocupa com os filhos?
Gostariam os europeus de separar os
filhos deles das mães durante seis meses? Recrutariam os europeus mães
dinamarquesas ou suecas, alemãs ou inglesas, portuguesas ou espanholas, para
irem durante seis meses apanhar morango? Não. O método de recrutamento seria
considerado vil, uma infâmia social. Psicólogos e institutos, organizações e
ministérios levantar-se-iam contra a prática desumana e vozes e comunicados
levantariam a questão da separação das mães dos filhos numa fase crucial da
infância. Blá, blá, blá. O processo de seleção seria considerado indigno de uma
democracia ocidental. O pior é que as democracias ocidentais tratam muito bem
de si mesmas e muito mal dos outros, apesar de querem exportar o modelo e
estarem muito preocupadas com os direitos humanos.
Como é possível fazermos isto às
mulheres? Como é possível instituir uma separação entre trabalhadoras válidas,
olhos, dentes, unhas, cabelo, e inválidas?
Alguns dos filhos destas mulheres
lembrar-se-ão.
Alguns dos filhos destas mulheres
serão recrutados pelo Islão.
Esta Europa que presume de humana e
humanista com o sr. Barroso à frente, às vezes mete nojo.
texto da Clara Ferreira Alves sobre a
Europa.
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